quinta-feira, 18 de junho de 2015

À Nuvem.

Yo.
Sup?
Sabe, faz muito tempo que não te vejo. Você deve estar com problemas novos e amigos novos, mas tento não criar falsas perspectivas sobre isso, tento não acreditar que estamos definitivamente nos afastando.
Para fazer isso, eu me lembro do que você disse. Lembro que nossa amizade não é daquelas que sofre com o tempo ou distância. Algo como um Akai Ito, que na mitologia japonesa conecta duas pessoas e nunca se arrebenta.
Sei que é besteira tentar ser próximo às nuvens, mais lúdico ainda seria exigir a proximidade das mesmas. Eu apenas torço para que essa mesma nuvem venha de vez em quando visitar o meu céu. Você faz falta, velho amigo. Por mais que agora você esteja mais próximo de outras pessoas, e por mais que os anjos consigam se manter mais próximos de você, eu me recuso a pensar que não voltaremos a ser como éramos.
Já te descrevi uma vez como "aquele amigo que não importa há quanto tempo não nos vemos, quando passa pela cidade a gente se encontra num bar qualquer e age como se ele estivesse sempre alí".
Lembra-se que uma vez eu disse que se você me enviasse uma caixa com um conteúdo suspeito dentro e um bilhete com "coma, acredite em mim" eu comeria? Pois eu acho que nunca mudaria de idéia. Você me conquistou, e sabe disso. Eu guardo um lugar especial para você aqui, no meu céu. Ninguém NUNCA conseguiu se encaixar em mim de forma mais perfeita do que você, e muito obrigado por isso. Mesmo que eu não conheça nem um terço de você, não posso deixar de acreditar que é o suficiente para dizer que te amo. Sinto sua falta.
De um complexado para outro: Já viu um céu sem nuvens? Pois eu acho que os dias mais lindos são os nublados.



segunda-feira, 15 de junho de 2015

Meu 11 de setembro

Autor convidado: Matheus Santiago


Eu realmente achava que estava no controle. Pensava com certeza que meus sentimentos nunca escapariam, que eu os amordaçaria pra sempre, ou até pelo menos, eu estar pronto pra lidar com eles. Mas você teve que intervir.
Não posso te contar com exatidão como eu estou agora, me faltam palavras. Acho que o melhor que posso fazer é uma comparação boba e limitada, mas ao mesmo tempo que insinua o tamanho da minha dor. Você, minha cara, foi meu singelo 11 de setembro. Eu era como um prédio que se sustentava como podia. Antes bem estruturado e feliz, sem nenhum problema, e de repente tudo se foi, você me explodiu interna e externamente. Não posso dizer na verdade que não já estava com meus pilares enfraquecidos, você esmurrou e martelou quase todos eles dia após dia, me deixou por um fio. Fio o qual eu me agarrei com todas as forças pois meu orgulho não me deixa transparecer minha catástrofe em nenhum momento. Mas ela está lá, fugindo do meu controle em pequenos gestos e palavras, olhares e sorrisos, feições e ações.
Com certeza não poderia haver momento pior pra tudo isso, em meio a tanta crise, em um pequeno momento de descuido meu, desabei completamente. Desmoronei em uma lampejo. Cada gota emplodia minha estabilidade com tamanha força a ponto de eu precisar me escorar em qualquer coisa pra me aguentar e não desabar de vez. A fumaça no ar me fez sufocar instantaneamente, - sério, eu parei de respirar literalmente e travei um duelo com meus pulmões para fazê-los trabalhar, como se já não estivesse ocupado o suficiente - o calor infernal era como uma faca enterrada em meu abdômen que vibrava constantemente, a única coisa que se manteve de pé foi uma pequena viga, um fiapo de sanidade, quê me recusava a perder, uma razão que não caia por terra.
Então você deu seu tiro de misericórdia, seu olhar, colorido de tal forma que é castanho como carvalho e amarelo como mel, que sempre teve a mais bela das formas, a mais doce das íris, estava apagado e destoado, borrado em meio a um mar de emoções. Emoções que eu sabia que variavam entre o ódio e o desprezo. Expirei todo meu oxigênio. Meu plano mental entrou num apocalipse momentâneo e depois simplesmente quebrou, minha alma estilhaçou e espalhou-se por meio as árvores. Minhas forças e vontades se esvaíram e deram lugar somente a dor. A mais pura e agonizante dor. Pois eu sabia que era minha culpa. Eu conhecia tudo mas mesmo assim não utilizei essa ciência da forma que deveria. Eu falhei no que deveria ser a única coisa que importava.
Agora eu estou sofrendo. Passarei dias em luto. Declaro que mal enxergo agora pois todo o espaço da minha visão foi tomado pelo choro, tudo que eu ouço é o ranger dos meus dentes, tudo que eu sinto é o frio.
Se eu morresse agora provavelmente não faria diferença, apenas mais um pra estatística, afinal, na realidade, só meu corpo vive, o que sobrou de mim, aquela viga de sanidade e razão se desfez em uma única lágrima solitária no meu rosto no momento em que me olhou, e minhas tentativas de recuperá-la se desfizeram logo após em um coletivo quando você não mais prestava atenção.
Mas a pior parte é ter que continuar a encarar você. Continuar a olhar pro meu erro. Continuar tentando consertar mesmo sabendo que provavelmente não há solução. Você é o veneno que eu tomo todos os dias, você é a tragédia que me tortura todas as noites, você é meu pequeno e devastador 11 de setembro.