quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Kingsman 2: O círculo dourado.


"Kingsman 2: O Círculo Dourado", continuação dirigida por Matthew Vaughn (Mesmo diretor de "Xmen: Primeira Classe" e "Kickass"), mal estreou nos cinemas e uma tonelada de críticas diferentes com opiniões variadas explodiu por toda a internet, e provavelmente você já se deparou com algumas delas. Eu me esforcei a virei o rosto para todas, dessa forma, posso trazer aqui a impressão que o filme me passou, sem sofrer interferência de terceiros. Apresento então um compilado dos elementos que mais notei no filme, sendo eles bons ou ruins.

O estilo do diretor é notável principalmente nas cenas de ação. Assim como feito no primeiro Kingsman, as lutas são muito bem coreografadas. Ocorre uma grande utilização da movimentação da câmera. Quando o nosso herói pula por uma cadeira para executar um golpe, a câmera também sobe  logo atrás dele. Então, quando o personagem cai no chão após acertar a voadora, a câmera vai para o chão acompanhando-o. Isso combinado com o efeito de um plano-sequência [plano em que não é realizado corte aparente entre câmeras e takes (muito bem exemplificado em "Birdman")], faz com que a imersão seja muito mais eficaz. Ao invés de percebermos o quão badass o personagem é, nós nos sentimos badass junto com ele. A sensação é de que estamos dentro da ação executando aqueles golpes. O momento é ainda mais amplificado com o excelente uso da trilha diegética (aquela trilha que os personagens também ouvem, como uma música tocando no rádio). Essa técnica está na moda atualmente. O raro de encontrar é um filme que também faça bom uso da trilha extra-diegética (a que só a audiência ouve), e nesse filme ela está perfeita.

É impossível comentar sobre cenas de ação na sequência de Kingman sem traçar um paralelo com a famosa cena da igreja. Sim, o diretor fez uso de cenas parecidas, mas aqui o efeito não tem mais tanto impacto, pois ele já é esperado. Kingsman foi um filme que quebrou o teto de vidro em nossas expectativas, e como o dois é obviamente uma sequência, o efeito surpresa não está mais presente. As cenas ainda são boas, mas não causam o mesmo impacto. Temos sim "cenas da igreja", mas elas não superam a original. O problema é que TODOS os acertos do primeiro filme são reutilizados nesse chegando ao ponto da quase exaustão. Mais nem sempre é Melhor. O filme está lotado de sátiras, cenas de ação, CGI (computação gráfica, que inclusive é bem notável na primeira cena de perseguição, que mais faz o filme parecer um video-game), e isso acaba criando um combate entre diversão e cansaço (que não perde, mas também não deveria existir). Outra coisa ampliada nesse filme é a quantidade de personagens secundários. São muitos os atores famosos que aparecem nesse filme como personagens e não apenas cameos (aparição rápida, estilo Stan Lee em filmes da Marvel), isso acaba impedindo o desenvolvimento desses personagens. Alguns deles, como o de Chaning Tatum são apenas caricaturas do próprio ator. Outros funcionam, e funcionam bem, como é o caso de Pedro Pascal, que apresenta um personagem interessante e com uma dualidade instigante.

O filme quase deixa de ser um "stand alone". Você consegue ver o filme sem ter visto o primeiro e entender tudo, afinal, a proposta de Kingsman é ser a paródia de filmes de espião (Roteiro simples e digestível). Mas quase metade das piadas executadas e sensações provocadas nesse filme são em referência ao primeiro. Cenas de ação extremamente parecidas e espelhadas com as do primeiro (provocando nostalgia), piadas exatamente iguais em contextos diferentes e até personagens que não sofrem grande desenvolvimento nesse filme pois já estão com "bagagem" do primeiro. Por mais que o filme seja uma sequência, ele não pode perder grande parte de sua graça se visto sozinho.

Enquanto o primeiro filme era do gênero de ação, pendendo para sátiras engraçadas, o segundo é um filme de sátira que pende para a ação. Um ponto negativo dele é o desrespeito não mais das leis da física (que é uma característica marcante de Kingsman, com seus golpes e acrobacias incríveis em lutas) mas também das leis próprias. Ao trazer de volta Galahad (o personagem de Colin Firth), o filme perde o benefício da adrenalina. Personagens não nos fazem gostar deles ao ponto de temer pela morte dos mesmos, já que passamos a saber que se necessários eles vão voltar no próximo filme. Eles passam a ser deuses imortais que nem chegam a sofrer perigo, já que existem bugingangas que surgem do nada como um tipo de ex machina (que nesse filme é utilizado aos montes) para salvar o dia.

Ainda existe uma essência carismática no filme, como suas críticas ácidas (o presidente do filme é uma sátira exata da imagem que a oposição tem de Donald Trump, até pelos maneirismos) e a personalidade marcante de alguns personagens (quando eles tem tempo de câmera para evoluir, o que é um pouco raro).

Nota 7.0

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